terça-feira, 15 de dezembro de 2009

ENTREVISTA DA SEMANA

Prefeito de Maragojipe fala sobre sua administração na cidade, sobre suas contas que foram rejeitadas pelo TCU e sobre mídia.

Prefeito de Maragojipe, Silvio Ataliba

"Não tenho medo de apanhar de Casemiro, de Bocão ou do rapaz que bate na mesa."
O prefeito da cidade de Maragojipe, Sílvio Santana (PT-BA), o Ataliba, concedeu uma entrevista, para o blog COM-ART 2, a conversa aconteceu após o Seminário fortalecimento da gestão pública, que ocorreu no último dia 20 de julho, no prédio da Filarmônica 2 de Julho, em Maragogipe.

ATALIBA: Primeiro vamos quebrar esse paradigma da burocracia da gestão. Com muita tranquilidade, eu digo toda hora é muito gostoso fazer gestão e muito complicado. Primeiro porque pegamos o município sem credibilidade econômica, sem moral, pelo que aconteceu aqui. Os desmandos que houve no município, a degradação do valor da família.

Implementaram aqui em Maragojipe uma política de esvaziamento de valor e você quebrar um circulo de sete famílias governando um município em quase 150 anos. Trazer práticas administrativas diferenciadas, isso é um choque mesmo a comunidade tendo votado em você. Mas ainda acredita no “favorzinho”, na receita, no cimento, essa coisa toda. E pra você quebrar isso, e depois um outro elemento que na minha concepção é o mais importante que é você trazer o povo da periferia pra fazer gestão. Não excluindo quem está no centro, mas misturar essas cartas. Hoje eu me orgulho muito.

A gente conseguiu implementar um ritmo de gestão aqui em Maragogipe e os frutos a gente percebe em cada canto e eu não tenho problema de fila em minha porta , secretário nenhum tem esse problema. As pessoas estão aí pra fazer crítica e é importante você construir essa massa crítica no município. A gente pega um município com 32% de analfabetismo e reduz pra 12, 13% em quatro anos.

Você pega um professor que ganhava um salário mínimo mais um abono de 20% e hoje tem o maior piso da região do recôncavo discutido com eles, e não é maior justamente pelos embaraços da gestão publica que é o orçamento, que é a capacidade de no próximo ano você dar um nível percentual de aumento, a questão do aumento no limite com o pessoal que é de 50%.

Hoje, Ataliba paga o salário em dia, tudo bem o salário ele aquece a economia do município, mas isso é uma garantia constitucional , não é um favor da gestão do Ataliba ou a gestão anterior.

A gente venceu essa batalha , esse espaço já foi garantido ,consolidado e agora precisa transformar essa gestão em eficiente .A gente precisa tomar consciência de que os 1.700 servidores da prefeitura são pagos pela arrecadação de cada um dos 42.000 maragojipanos e outros que não são maragojipanos mas acabam recolhendo seus impostos aqui e a gente precisa transformar isso em um serviço de qualidade sem essa “peste” aqui colocada de que servidor publico não gosta de trabalhar .

O grande desafio nosso é esse, e eu tenho certeza que tenho conseguido fazer isso, mas a gente precisa ser muito mais eficiente pra entrar na prefeitura e saber que você vai ter um atendimento de qualidade como se tivesse num shopping Center e o cidadão quer lhe vender alguma coisa e usa de todos os argumentos pra te convencer, Então, quem está na gestão publica tem que entender isso o cidadão lá é um contribuinte e se torna cliente nosso e precisamos oferecer um serviço de qualidade.

Ataliba falou sobre a evolução do município desde que assumiu

COM-ART 2: Sobre a participação da periferia e do centro na gestão, como está sendo executado o orçamento participativo em maragojipe?

ATALIBA: Faz três anos que a gente utiliza o orçamento participativo, estamos no quarto agora, mas eu acho que é uma ferramenta que já está obsoleta e precisa avançar muito mais. Nós temos saldo em caixa, mas a lei de responsabilidade fiscal diz que eu não posso mexer naquele dinheiro é uma verba carimbada. Então assim, a população está mais esclarecida porque também os instrumentos de fiscalização foram constituídos até por conta de concepções administrativas do país, do estado. Hoje a maioria dos gestores, não tem mais necessidade de andar com um talão de vales em baixo do braço, ainda tem, mas você percebe que diminuiu muito o poder de fiscalização aumentou. Eu acho que o governo federal através da TCU, monta esses mecanismos de não só ser punitivo, mas ser prepositivo. Você tem uma área na TCU que é punitiva que é fiscalizadora, mas também tem um braço que é prepositivo, está propondo mecanismos da gestão publica para que você evite cometer algum ato ilícito.

Eu mesmo tive conta rejeitada pelo tribunal de contas do município. E debato aqui sempre, eu estou no mesmo rol do cara que meteu a mão nos R$36.000.000 da igreja católica, no dinheiro dos salários dos servidores, pegou o dinheiro da merenda escolar e depositou na conta do filho. Porque o meu contador foi lá e contabilizou o meu pessoal de saúde e educação no desenvolvimento econômico. Então os percentuais nossos de 15 e 25 não foram alcançados, Nós tivemos a conta rejeitada porque nos alcançamos 24. 39 na educação e 14.68 na saúde. Mas eu to no mesmo rol do cara, então assim tem discutido com a comunidade, porque a comunidade precisa saber e entender porque quem faz o julgamento de nossas contas são pessoas que estão dentro de um ar condicionado, não conhecem a realidade do município, do cara que a mãe morreu e que o corpo ta lá e que a família não tem R$250, exatamente para comprar um caixão, que ele não sabe que o ônibus é velho, que o ônibus quebrou e você tem que substituir e não está no processo licitatório. O problema na mão do prefeito é imediato, você não sabe nem o nome da pessoa que morreu, mas sabe que você precisa ajudar. Aí no dia que a pessoa morre o atestado de óbito ainda não está pronto, mas você tem que enterrar em 24h. Aí depois que você enterra você tem que ter o laudo de que a pessoa é pobre, o atestado de óbito, carteira de identidade não sei o que... Aí é uma loucura. E quando você consegue isso, 60 dias depois você já apresentou ao tribunal de contas.

O prefeito polemizou ao falar sobre a mídia na Bahia

COM-ART 2: Prefeito deixe uma mensagem para o nosso blog:

ATALIBA: Se você investe R$100.000.00. em comunicação, você esta abrindo a possibilidade da comunidade estar sabendo .antes eu podia usar R$10.000 pra pavimentar uma rua , mas só pavimentar rua não adianta .Você tem que ter uma comunicação boa. E a comunicação na Bahia hoje, está defasada porque nesse padrão que está aí, o prefeito só é valorizado quando coloca R$20.000 ou R$30.000 num programa de TV. E se você não coloca R$10.000, R$15.000 você apanha e muito.

Eu disse na Record: “Eu apanhei de 14 irmãos, não tenho medo de apanhar de Casemiro, de Bocão, ou do rapaz que bate na mesa.”

Então pra não ficar dando cor a imprensa, ficar falando que a imprensa é marrom. Eu acho que é bom a juventude estar vindo pra esse lado, porque a comunicação é o quarto poder .


ELIANDSON SANTOS
LAYLA MARQUES
WELINGTON ALVES

CULTURA/RELIGIÃO

A FESTA DA FÉ

Igreja de São Bartolomeu


A Festa de São Bartolomeu é a manifestação religiosa mais celebrada de Maragojipe. Sendo realizada pelos membros da Paróquia de São Bartolomeu com o apoio de todos os órgãos competentes da cidade, que se encarregam de avisar e estimular o povo da fé para as festividades que são tributadas todos os anos no mês de agosto ao mais leal dos apóstolos, como é conhecido, O Bartolomeu.

Os festejos de São Bartolomeu

A festa de São Bartolomeu dura todo o mês de agosto, mês de morte do padroeiro do município baiano. Procissões, novenas, missas, lavagens de rua, concursos de Filarmônicas locais e a Regata Aratu-Maragojipe, um dos maiores e mais tradicionais eventos náuticos da América Latina, fazem parte da programação, que começa com o Pregão e o Bando Anunciador. Neste mês a população e os turistas enchem as ruas e praças de Maragojipe. Samba de Roda, Bloco de Mascarados, Jegue elétrico, Baianas, Charangas, Fanfarras, além de bandas de renome nacional agitam ainda mais a festa.

Lavagem da igreja de São Bartolomeu


Organização


Em um encontro informal com Luiz Carlos da Conceição, o Coordenador de Serviços paroquiais, ele nos forneceu a programação geral da Festa de São Bartolomeu 2009, além de detalhes da organização. “A Organização da festa é realizada pela Comissão de Festas e Serviços Paroquiais, que ao todo chegam a 60 pessoas, mas contamos com o apoio e a presença da Comunidade das Secretárias de Cultura e Turismo e da Prefeitura que traz para a cidade atrações de peso para fortalecer a festa.” - disse Luiz Carlos.

CALENDÁRIO DA FESTA DE SÃO BARTOLOMEU 2009


04/07/09 - Pregão
31/07/09 - Dia de oração em preparação à festa
02/08/09 - Bando Anunciador
09/08/09 - Lavagem do templo
16/08/09 - Bingo
21/08/09 - Início do Novenário
23/08/09 - Lavagem popular
24/08/09 - Dia de São Bartolomeu - (feriado municipal)
29/08/09 - Regata
30/08/09 - Domingo da festa
31/08/09 - Procissão - (feriado municipal)
01/09/09 - Fogos de planta


MAIRAN REIS E SUELY ALVES

COMPORTAMENTO

VIVER EM MARAGOJIPE


Oh! Minha bela cidade.
Maragojipe,
de belíssimas curvas, desenhos e desejos,
das mulheres inflamadas,
do ardor, ardente e fugaz desejo de amar.

Oh! Minha bela cidade.
de histórias, contos e encantos
travados na garganta mais profunda que existe,
pois de lá não quer sair,
vivendo num incrível vazio,
num lugar onde tudo se pode contar, falar e agir.
[...]

Oh! Minha bela cidade.
Maragojipe,
Gyp és tu, Marag sempre será,
indígena da cabeça aos pés,
da farinha ao pescar,

Oh! Minha bela cidade.
és tu a mais bela de todas,
e eu não te largo mais,
nunca mais,
pois, para mim, tu és um espetáculo,
de vida e atrativo.

Oh! Minha bela cidade.
culturas se mesclaram,
culturas se entrelaçaram,
contudo de nada resta,
pois foi e continua,
abandonada, desajustada,
deslocada e localizada,
fora do mapa do Brasil.
Zevaldo LR Sousa

Zevaldo Luiz Rodrigues de Sousa, 28 anos, poeta. É assim que ele descreve a patriótica cidade de Maragojipe. Uma vida de muita luta, onde os bravos maragojipanos de tez mestiça e quase sempre sem nenhum recurso resistem às constantes reveses do tempo e da vida.

Maragojipe se renova e fortalece a cada dia, tendo como base maior o sentimento, antes letárgico, de ‘magojipanidade’ e altivez.

Viver em Maragojipe - Cidade de grandes atrativos turísticos e banhada pelo Rio Paraguaçu – que de acordo com o senhor Germano Ferreira morador da na zona rural há 64 anos “Maragojipe já foi boa de viver, hoje a cidade está um pouco violenta, mas não tenho vontade de sair daqui não. Eu servir ao exercito, mas voltei e trabalhei no movimento brasileiro de alfabetização em 1972 que hoje é o TOPA (Programa de alfabetização da Bahia). Fui professor lego na zona rural e transportei o primeiro carro trazendo alunos para Maragojipe! Atualmente sou auxiliar de ensino na escola Cleriston Andrade, na zona rural.”
Para algumas pessoas que moram na cidade a maior dificuldade é a falta de emprego, como diz a senhora Edila Marta Moreira “Moro aqui à 28 anos e a gente procura um emprego e não acha. Sou formada há quase 10 anos em Magistério, fiz Formação Geral e o que mais preciso não acho, que é trabalho. Aqui não tem oportunidade, mas é um lugar bom para se morar.”

A realidade da cidade é vista com outro olhar sobre a visão dos jovens, Antonia Manuela Nunes, 15 anos diz “Eu moro em Coqueiros, mas estudo aqui, Maragojipe é uma cidade muito boa para morar, tem pessoas alegre, amigos. Pretendo ficar aqui, mas quero fazer administração e não tem faculdade na cidade.”

Maria José Silva de Jesus, 37 anos, não tem o que se queixar “Moro em Maragojipe em torno de 10 anos e morar aqui é gratificante, pois a cidade é tranqüila e sem muita violência diferente da cidade grande.”


GRACIELA SOUZA
JOSIANE NASCIMENTO

TURISMO/HOSPEDAGEM

Casas de Pouso em Maragojipe

Em Maragojipe, no que diz respeito á hospedagem, a cidade conta com poucas opções. Na busca pelas estadias oferecidas, percebemos que existe apenas pousadas simples, porem bem organizadas, que seguem os padrões de qualidade e conforto necessários.

Fomos informadas sobre a Pousada do Carmo, uma das mais conhecidas e indicadas da cidade. A Pousada fica localizada na Rua Fernando Suerdicker n° 16, Centro. No momento o prédio está em reforma para melhor atender seus clientes. Visitamos a filha de Dona do Carmo, Caroline, que nos informou sobre o funcionamento do estabelecimento, inicialmente tratamos do preço que se modifica de acordo com a temporada. Há um aumento nos meses de junho a agosto, quando acontece a festa junina, onde as variações de preço podem atingir até o dobro. Um quarto de solteiro que seria em média R$ 50 e o de casal que seria R$ 60 podem chegar a R$ 100 e R$ 120 respectivamente. Os hospedes que freqüentam são turistas vindos de Salvador e de outros países, além de bandas que fazem show na cidade e pessoas ligadas a política.

Existe também a pousada Oxumaré, assim como a pousada do Carmo há uma variação de preço, para solteiro em dias normais e valor da estadia é de R4 40 já nos períodos festivos o custo da diária passa a ser de R$ 80. Diferente da pousada já citada os principais hospedes são das regiões vizinhas como Santo Amaro e Feira de Santana. Ela está situada na Rua Silveira Borges de Morais n° 1.

Encontramos também a pousada Estrela Azul que se situa no antigo prédio da Prefeitura, na Praça 15 de novembro, n° 1, Areal. Em entrevista com a proprietária ela nos revelou que ultimamente não tem sido vantajoso este tipo de negócio, pois, o alto custo de matérias para manutenção e o trabalho exacerbado para manter a pousada, não é compensado com o lucro do empreendimento.


ANA BEATRIZ FERREIRA
LENISE FARIAS
ALINE RAMOS

GASTRONOMIA

Uma delícia de tempero

Pratos típicos da região

Pratos típicos da região


Maragogipe é uma cidade pacata, banhada pelo rio Paraguaçu e protegida por São Bartolomeu. A maior parte de seus moradores, principalmente os que vivem à margem do rio, sobrevivem da pescaria. Ostra, mapé, sururu, chumbinho, camarão, robalo e arraia são bastante encontrados no município, também estão na lista dos pratos mais requisitados nos restaurantes locais.
Nos restaurantes mais movimentados da cidade, registramos que, o povo se delicia com o marisco e pede bis. O tempero maragogipano é sem dúvida o mais procurado da região, sobretudo, no mês de agosto na festa do padroeiro da cidade, São Bartolomeu, em que a cidade recebe um fluxo maior de visitantes.

Apolônio

O bar e restaurante do Apolônio existe há 10 anos e fica localizado na Praça João Primo Guerreiro, no Cajá. De vista para o mar, os clientes degustam a moqueca de camarão e robalo, pratos mais pedidos no restaurante. “A comida daqui é aprovada, o povo pede muito e volta sempre, afirma a cozinheira do mesmo, Fabíola Dias da Silva”.

Chuveirinho

O bar e restaurante Chuveirinho é bastante popular na cidade, devido aos eventos promovidos aos finais de semana como voz e violão e seresta. Tem 24 anos de existência e fica localizado no bairro das Cabaceiras, na Rua Nossa Senhora das Graças. “O povo gosta muito da comida e às vezes pede para eu mesmo cozinhar”, salienta o Sr. Guilherme Nascimento, dono do restaurante. Os pratos mais degustados são siris catados, camarões, robalos e carnes do sol. O ambiente é bem arejado e frequentado constantemente por turistas e moradores da região, além dos beija – flores que aproveitam as flores do jardim.

Sol de Verão

O quiosque Sol de Verão encontra – se localizado na praia do Porto em Coqueiros, já faz 14 anos. Tem uma vista muito bonita, para o rio Paraguaçu. Segundo seu proprietário, o Sr. Renato Pacheco, as pessoas costumam freqüenta – lo mais aos finais de semana e o prato mais solicitado é mariscada, seguida do robalo, arraia, moqueca de camarão e carne do sol.

Tempero do chuveirinho

Tempero do chuveirinho

Conhecer o sabor do tempero maragogipano consiste em compreender também as tradições culturais da população de Maragogipe e da região do Recôncavo. A forma com que os pratos são preparados, a escolha de cada ingrediente está intimamente ligada à experiência de vida das pessoas que trabalham diariamente para servir aos visitantes e moradores do município as delícias da gastronomia maragogipana.



CIRLÂNIO CAMILO
JOAQUIM BAMBERG
NATALI OLIVEIRA
VALDELICE SANTOS

POLÍTICA - OPOSIÇÃO

Oposição se articula contra o prefeito

O Tribunal de Contas da União rejeitou a prestação da prefeitura municipal de Maragojipe. Esse processo é obrigatório a todas as cidades do país. O presidente do DEM (Partido Democratas) Francisco Gomes da Silva (Chiquinho) esclarece a situação maragojipana.

Com-art 2: Como você avalia o quadro político daqui?
Francisco: Com a organização, a predominância da cidade seria entre o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) e o DEM. Somando todos os votos da oposição, constam 12.500 votos contra 9.000 votos do ex-prefeito, o que também comprova que o prefeito não seria mais forte que a oposição unida.

Com-art 2: Como ocorreu o processo de votação na Câmara?
Francisco: Com o importante e quase imprevisível voto do presidente da câmara que é do PMDB, vereadores aliados do PMDB e do DEM, foi decidida à ratificação. Como os outros vereadores não compareceram acabou sendo, como exemplo: 5x0.

Com-art 2: Por que a câmara também rejeitou as contas?
Francisco: Primeiro porque era mais correto para oposição e acarreta o fato dos vereadores serem novatos. Ora, se os técnicos do tribunal rejeitaram por que nós que somos oposição não iríamos concordar.

No final do processo o prefeito foi punido pelo Ministério Público, tornando-se inelegível por 8 anos.


DIOGO SILVA e LAIANA MATOS

terça-feira, 4 de agosto de 2009

CARTA AO LEITOR


No dia 13 de Julho, o blog COMART2 esteve em Santo Amaro da Purificação, cidade natal dos cantores Caetano Velozo e Maria Bethânia. Santo Amaro possui uma área de 486 km² e uma população de 58 414 habitantes (2000), o que dá uma densidade demográfica de 120,2 h/km². Foi fundada em 1557 e elevada à cidade no ano de 1837.


Chegamos ao município de manhã cedo. Entrevistamos Dona Canô, o prefeito municipal, vereadores, o secretário municipal de cultura e figuras ilustres da cidade. Desde o início, nos deparamos com a hospitalidade do povo santoamarense e com a beleza de sua arquitetura colonial, mantida por projetos de manutenção e restauração do patrimônio histórico do governo federal. A cada instante e metro quadrado andado, nos dávamos conta de uma coisa nova. Todo o trajeto nos chamou a atenção, de modo que ficamos inteiramente surpreendidos diante de cada descobrimento e das singularidades de Santo Amaro.


A cidade estava movimentada, com um centro comercial grande para a região e bem articulado. Um dos moradores nos revelou que Santo Amaro é o único município da região do recôncavo que a feira-livre acontece durante toda a semana. Além do comércio, da agricultura e dos serviços públicos, a população santoamarense conta com algumas indústrias de médio porte, como a fábrica de papel e embalagem Penha e a de tubulação Conduto, para trabalhar.


É inegável a importância cultural do município para o Estado. Além de Maria Bethânia e Caetano, temos que destacar cantores e compositores de nome em todo o território nacional, também filhos de Santo Amaro: Assis Valente, Jorge Portugal, Roberto Mendes, Marcio Valverde, Jota Veloso, entre outros. As festas populares e um rico folclore também são riquezas inestimáveis que Santo Amaro tem a oferecer seus visitates.

ENTREVISTA DA SEMANA

DONA CANÔ: UMA HISTÓRIA DE VIDA

Quem é dona Canô? Claudionor Viana Telles Velloso, nascida no dia 16 de setembro de 1907 na cidade de Santo Amaro da Purificação BA. Residente numa casa simples de arquitetura tradicional, repleta de fotografias espalhadas no seu interior.
Sinônimo de simplicidade e carisma, dotada de uma sabedoria indescritível, é assim que podemos definir a matriarca da família Veloso. Uma mulher guerreira nas suas atitudes e simples nos seus hábitos. Agraciada com a capacidade de procriar 8 filhos, inclusive Caetano Veloso e Maria Bethânia, devido aos quais, tornou-se famosa internacionalmente. A sua fama também, deve-se ao fato de dona Canô ser uma pessoa humilde e receptiva, sendo que as portas da sua casa estão sempre abertas à visitação.
Seus cabelos brancos denunciam a sua idade, mas a sua lucidez contradiz com os seus 101 anos. Dona Canô emana inteligência e sabedoria, nas palavras sinceras e objetivas que revelam a sua identidade.
Por tudo isso Dona Canô, é a entrevistada da semana do COM-ART 2, confira abaixo a entrevista realizada pelos repórteres Eliandson Santos e Suely Alves.


COM-ART 2: A senhora mora nesta casa há mais de 60 anos. O que esse lugar tem de especial para a senhora? DONA CANÔ: Eu nasci em Santo Amaro, toda a minha família é de Santo Amaro, tanto a minha quanto a de Zeca, e as crianças todas nasceram aqui em Santo Amaro, então me habituei a viver numa cidade do interior e estou vivendo.

COM-ART 2: A senhora já recebeu muitas homenagens na vida. Qual delas guarda com maior apreço?
DONA CANÔ:
Eu queria saber o porquê de tantas homenagens, se eu não sou nada, meus filhos é que cresceram e saíram para o mundo, mas eu não sou nada.

COM-ART 2: Não se sente privilegiada de ser a mãe de uma família tão bonita?
DONA CANÔ: Não. Eu acho que isso chegou para mim, mas não é privilégio meu, é de qualquer mãe que tinha que acontecer isso. Agora chegou para mim que era mais humilde como a mãe dos outros todos, mais humilde como a mãe de Roberto Carlos, mais humilde como a mãe de Erasmo Carlos, mais humilde como a mãe de Francisco Alves, eu só posso agradecer.

COM-ART 2: Dona Canô, qual o segredo para se chegar aos 101 anos com tanta lucidez e beleza?
DONA CANÔ:
102 daqui a pouco e não tem segredo, eu nunca disse que tinha. Nunca escondi de ninguém a minha vida. Apenas eu procurei viver em paz, recebendo as graças e aguardando o que tinha de acontecer, o que aconteceu de bom eu vi, o que aconteceu de ruim, eu vi também.

COM-ART 2: Qual é o presente de aniversário que a senhora gostaria de receber no seu aniversário de 102 anos?
DONA CANÔ: Presente? Velho não precisa mais de presente. Eu já falei quem quiser me dar presente, me traga sabonete, pasta de dente, lençol, toalha de banho, para que eu doe aos meus velhinhos, desde que eu fiz 80 anos, não peco mais presente. Quando chega eu distribuo, tem os velhinhos, tem o convento.

(Neste momento nossa equipe é surpreendida pelo gato de estimação de Dona Canô, “Negão”, que tentou morder uma estudante de jornalismo que acompanhava a entrevista).
DONA CANÔ: Ô Negão mordeu? Ô Negão, ta maluco? Ta caduco!

(Sem perceber Dona Canô volta a falar de sua vida, e fala inclusive do seu casamento com o falecido Zezé Velloso).


DONA CANÔ: Eu queria que minhas filhas, meus netos e bisnetos que estão aí para casar, tivessem a sorte que eu tive. Mas, não chega para todo mundo.

COM-ART 2: No ano passado a senhora contou a mulher do Governador Jacques Wagner, que o seu sonho era comemorar os seus 102 anos na igreja restaurada. A senhora vai realizar esse sonho?
DONA CANÔ:
Se não morrer, vou. Eu já pedi aos meninos:
“Olhem, continuem da mesma forma, missa na Purificação, e alguma coisa em casa, não quero mais que façam fora de minha casa.”
COM-ART 2: E como estão os preparativos para a festa de 102 anos? DONA CANÔ: Não, é uma missa e depois um café aqui em casa. E um caruru que há muitos anos meus filhos fazem.

COM-ART 2: Graças a sua religiosidade a senhora recebeu uma benção solene do Papa Bento XVI, Como foi para a senhora enquanto católica, receber isso?
DONA CANÔ: Uma coisa tão grande, que eu nem posso agradecer, porque é uma graça que eu não podia esperar uma mensagem do Papa para mim! Meus amigos padres se comunicaram com ele, e ele aceitou a proposta e me mandou. Eu não pedi, chegou pra mim porque Deus quis. Todo dia eu digo o que eu tenho hoje, o que eu sou hoje, eu agradeço a Deus.

(Aqui, mais pessoas chegam para visitar Dona Canô, e ela mais uma vez muda o rumo da conversa).



DONA CANÔ: Agora estão dizendo que aqui é a casa dos famosos. Não dizem “A casa de Canô”, ou “A casa de Zeca”, dizem “A casa dos famosos”. Graças a Deus, me deram fama e eu não pedi.

COM-ART 2: A senhora acha que ficou famosa, por causa de sua humildade? DONA CANÔ: Humilde eu sou até hoje. Quem quiser achar que a minha humildade é de propósito ache eu não posso fazer nada, eu sou humilde. Se eu ainda pudesse fazer alguma coisa mais eu não posso fazer nada, dependo do meu povo que trabalha para mim. E meus filhos a Clara Maria está aí, veio passar o fim de semana com o neto. Rodrigo foi trabalhar, mas daqui a pouco ele está aí. É o que eu digo a graça maior que eu tenho é meus filhos não esquecerem que eu existo. Eles subiram, mas não esquecem que existo. Então, isso é uma graça muito grande que Deus me deu. Acho que minha graça maior é essa ter meus filhos comigo.

COM-ART 2: Mas, a senhora é uma mãe coruja com seus filhos?
DONA CANÔ:
Nunca fui coruja não. Nunca escondi o mal que fizeram, mas foram criados sem pancada, sem castigo, com liberdade, porque hoje não se pode dar liberdade a um menino, já vão errando.

COM-ART 2: Nesse quase 102 anos de vida, ainda tem algum projeto ou algum sonho que a senhora gostaria de realizar?
DONA CANÔ:
Tem sim, eu to atrás de um pedido que eu fiz ao Lula, e ele vai me atender.

COM-ART 2: E que pedido foi esse?
DONA CANÔ:
Aqui nós temos um hospital de quase 300 anos, que trabalha só com os pobres. E de repente encheram de coisas, atrapalhou tudo, ta quase fechando. Lula veio, mandou um recado que queria me ver, eu fui encontrar com ele em Cachoeira. E eu disse:
“Lula, eu só tenho um pedido pra lhe fazer. A Santa Casa de Misericórdia de Santo Amaro, que é de misericórdia, não tem que cobrar nada. Os pobres vinham, eram tratados, tinham médicos de muitas especialidades.”
Agora quase fechou, só não fechou por um milagre. Embolou tudo nem médico tinha mais. Isso eu pedi, a Igreja do Amparo estava quase caindo, e a obra ainda não terminou, então eu pedi a Nossa Senhora do Amparo, que mostrasse uma solução para nossa sociedade para que fizessem alguma coisa para nossa igreja não cair. Deus ajudou, eu ganhei um prêmio, dei para a igreja.

COM-ART 2: O COM-ART 2 ficou sabendo que a senhora gosta muito de ler. O que a senhora anda lendo atualmente?
DONA CANÔ:
Atualmente, eu leio muito pouco, to lendo os jornais que Rodrigo traz uma revista de Aparecida que eu comprei e as revistas que Rodrigo compra, Nissinha compra, eu leio. Mas, eu lia muitos livros de histórias,

COM-ART 2: E a senhora já leu o livro que fala da sua vida “Lembranças do saber viver”?
DONA CANÔ:
Já li não, eu quem fiz com a minha boca. Pediram pra fazer, deixei eles fazerem.

COM-ART 2: E o livro de receitas?
DONA CANÔ:
O livro de receitas, quem fez foi minha filha Mabel, ela copiava as receitas e eu nem sabia, um dia ela disse:
“Olha minha mãe, eu fiz um livro com as receitas da senhora.”
E aí esse livro de receita ta vendendo até hoje. Ainda ontem eu autografei um. Porque gostaram muito, foram dois amigos que me pediram pra fazer, eu disse: “Vai ser chato eu contar a minha vida. O que é que eu vou dizer? Dizer o que eu passei, o que eu não passei.” Mas, aí contei a vida de meus filhos, a vida de Caetano, a vida de Bethania, como chegaram onde chegaram. Não custou nada fazer.

COM-ART 2: A senhora que já foi conselheira de ACM e até do Presidente Lula, daria que conselho para nós do COM-ART 2, que estamos iniciando no jornalismo? DONA CANÔ: É uma carreira muito boa, muito bonita. Mas um pouco pesada, porque tem coisas que você tem que escrever e tem medo de escrever. Mas, procurando fazer a coisa certa, Não procurando aumentar nem diminuir, eu tenho um bisneto que fez jornalismo, hoje ta trabalhando com Caetano. Não tem nada a ver com jornalismo. (risos) Trabalhou muitos meses na TV Bahia, mas ele dizia:
“Minha 'bisa' eu não gosto desse trabalho, de ficar dentro de um escritório, eu quero uma coisa que eu possa fazer o que eu aprendi.”
E Nossa Senhora ajudou Caetano precisou dele e ele ta lá. Ainda hoje ele ta em São Paulo, arrumando porque Caetano vai lá.

(Aqui ela passa a falar sobre os gostos dos seus filhos).

"Cada um tomou sua distância e procurou fazer aquilo que gosta. Mabel gostava muito de ensinar, de dar palestras, de escrever poesias. Caetano pôs-se a cantar e Bethania, cada um tem sua família. E vivem bem. Clara mesmo, esse aqui é neto dela, esse João (apontando para um bisneto que acompanhava a entrevista)."


COM-ART 2: Se pedíssemos para a senhora definir quem é Dona Canô? Como à senhora definiria?
DONA CANÔ: Eu não sei falar. Caetano tava na Itália fazendo um show me telefonou:
“Minha mãe, a senhora tem retrato com todo mundo? Veio uma moça aqui, um grupo pra me conhecer, porque conhecem a senhora. E trouxeram seu retrato aqui.”
Aqui vem gente da Europa toda. Até na Austrália, eu tenho uma amiga lá. Muita gente me quer bem minha filha não dá nem para definir. É porque me procuram muito aqui, e eu agradeço a Deus.

COM-ART 2: Inclusive meu sonho era conhecer a senhora...
DONA CANÔ: Eu não sou nada. Todo mundo que vem me ver, pergunta a menina que trabalha aqui. Todo mundo entra, que querem saber, eu sei que não é por minha causa, é por causa de meus filhos. Quando vem o pessoal da Itália aqui, conhecem muito Caetano, conhecem muito meus filhos,
É isso, tem o pessoal que trabalha aí comigo, Lurdes vem passa a manhã, outra vem passa à tarde.

COM-ART 2: E quando a senhora sente saudades dos seus filhos que estão fora. Como a senhora faz para matar essa saudade?
DONA CANÔ: Eles me chamam ao telefone. A maioria das vezes é eles que me chamam, porque eu não tenho o telefone de Caetano e também posso dizer que não tenho o de Bethania. Caetano deve passar aqui no dia 16, ele vai pra Feira, vai cantar em Feira.

COM-ART 2: Dona Canô tem alguma música de Caetano ou de Bethania,com a qual a senhora se identifique?
DONA CANÔ: Interpretação de Bethania, qualquer uma pra mim é bonita. Porque ela sabe interpretar muito bem. E de Caetano tem muitas que eu gosto, mas eu escolhi uma, porque ele tava muito novo quando fez uma música, Força estranha, é uma música muito forte pra um menino de 13 anos. É muito forte.

COM-ART 2: Ele tinha só 13 anos?
DONA CANÔ: É com 12 ele já escrevia. A primeira música dele foi Ciclo, O professor de português fez e pediu pra ele musicar, era um poema muito bonito, Aí foi que Zeca viu que ele sabia escrever música, Era ele escrevendo, Mabel tomando, Foi quando ele chamou:
"Meu pai, venha ver uma coisa, o professor da escola pediu pra musicar esse poema, eu vou tocar pro senhor ouvir. Com 12 anos, ele já apresentava no ginásio pros companheiros mais velhos do que ele.’’

COM-ART 2: E a música que fizeram pra senhora, que Daniela canta: “Dona Canô chamou...” a senhora gosta dessa música?
DONA CANÔ: A Didá aquela que toca no tambor foi ela que inventou isso. Aí logo aprenderam porque esse povo aprende tudo, (risos) Eu fui pra Feira de Santana, quando eu cheguei um retrato meu enorme, e o povo cantando Dona Canô chamou, ora, mas já se viu? Me deixe. (risos) Foi uma festa bonita, tinha muita gente, tavam chamando a atenção dos homens mulheres para o câncer de mama.

COM-ART 2: Dona Canô, nós queríamos agradecer o seu carinho e a sua simpatia.
DONA CANÔ: Simpatia sempre, nunca deixo de atender. Não olho personalidade, todos pra mim são iguais, homens, mulheres, meninos, tudo que me procura.


COM-ART 2: Então deixe uma mensagem para o COM-ART 2...
DONA CANÔ: Não parem, continuem se aperfeiçoando, porque o jornalismo é muito bom pra quem tem capacidade de escrever. Se vocês gostam de escrever estudam para escrever, vai ser uma beleza. Não deixem, continuem, sejam permanentes nas aulas. Agora, procurem ler tudo o que você puder... Livros e jornais, porque muitas vezes é tudo mentira. (risos)



ELIANDSON SANTOS
SUELY ALVES

ASSISTÊNCIA SOCIAL

Abrigo São Domingos


O abrigo São Domingos fica localizado na cidade de Santo Amaro da Purificação, é mantido com a ajuda da Prefeitura Municipal, do Ministério Público, Conselho Municipal do Idoso, de doações de pessoas caridosas e da aposentadoria dos próprios idosos. No entanto, esta ajuda ainda é irrisória, comparando às necessidades dos internos, já que muitos têm gastos elevadíssimos com a saúde, outros têm o salário divido entre o abrigo e empréstimos de bancos, feitos pelos parentes dos mesmos.

Atualmente matem 25 idosos que recebem cuidados de 21 funcionários. A história de sua fundação não é bem esclarecida por falta de documentos. Dona Bárbara, coordenadora do abrigo, dedica parte de seu tempo, assim como os demais funcionários, ao mesmo, cuidando carinhosamente de cada idoso.

Muitos destes sofrem com problemas mentais e não deveriam estar numa casa para idosos. Cada um mostra um carinho para com os funcionários, alguns são lúcidos, outros nem lembram o próprio nome. “Eles vivem aqui por falta de alguém que tome conta. Alguns são revoltados, trazem revoltas do que a vida deu a eles”, salienta Dona Bárbara.



Dona Elza

A aniversariante do mês, Dona Elza, completou 92 anos no dia 13 de julho e foi realizada uma festa com direito a bolo, velinha, convidados e pose para fotos. Ela já fora bem sucedida na vida, morava em Salvador, e logo que ficou viúva, um sobrinho a trouxe para o abrigo com a promessa de que voltaria para buscá-la. Porém, o mesmo vendeu todos os seus bens e até hoje não retornou. Apesar de ter sido esquecida pelos parentes e amigos, ela mostra ser uma pessoa muito feliz. “Eu gosto destes amigos que fiz aqui”, afirmou Dona Elza. Entre seus cabelos grisalhos, ela camufla uma rica história de vida, que sua memória já quase não recorda mais.



No outro lar

Dona Enedina, 73 anos, é apaixonada por Sodré, um namorado imaginário que ela tem faz 15 aos e sonha em um dia encontrá-lo e casar – se com ele.

Dona Anita de Jesus, 74 anos é uma idosa muito engraçada e risonha. Ama brincar e fala tudo que lhe vem à mente. É apaixonada pelo Dr. Targílio, advogado da cidade.

O Sr. Cosme, 73 anos, está bem lúcido e lembra muito bem de sua história. Não teve filhos, ficou viúvo em 2006 e vive no abrigo há seis meses.

O Sr. Eleutério, afirma ter trinta e seis anos, porém já passou dos 60. Ele acredita ser bem jovem e bonito, com bastante disposição para namoros. Segundo ele vai sempre que pode à cidade de Cachoeira à procura de namoradas.


Seja solidário


Você também pode ajudar, nem que seja com sua presença.
O Abrigo São Domingos fica ao lado do terminal rodoviário de Santo Amaro.
Horário de visitas: 14hs
Telefone: (75) 8185-6537 falar com Bárbara.


NATHALI OLIVEIRA
VALDELICE SANTOS



CULTURA

O resgate à cultura popular

“Santo Amaro tem que deixar de ser só a casa de Dona Canô”

Extrovertido, carismático e bem humorado Rodrigo Antônio Viana Teles Veloso, de 74 anos, filho de uma das mais famosas personalidades de Santo Amaro e do Brasil – Dona Canô -, fundador do Teatro Vila Velha – na cidade de Salvador - e atual Secretário de Cultura santamarense recebeu a equipe do ComArt2 em uma entrevista informal e descontraída. Rodrigo já fez vários trabalhos artísticos como pintura, tecelagem, trabalhou como contabilizador na Coelba, desenvolveu trabalhos com crianças de rua e surdos-mudos, o que deu habilidade – como o próprio afirmou - para trabalhar com pessoas e este ano tem sua primeira experiência com o serviço público.


ComArt:
Quais as festas tradicionais e os atrativos da cidade de Santo Amaro?
Rodrigo Veloso: Temos a Festa da Purificação, que acontece de 24 de janeiro a 2 de fevereiro. É uma festa tradicional da padroeira da cidade, que tem sua parte profana e acontece a mais de 300 anos.Tem o bembé, a única festa de candomblé a céu aberto do mundo. É uma festa religiosa do candomblé. Este ano aconteceu no 13 de maio, comemorando a libertação dos escravos.São João esse ano foi uma maravilha! A nova secretaria de turismo “botou pra quebrar”.


ComArt: Que importância os grupos culturais têm para o desenvolvimento do município?
Rodrigo Veloso: É importantíssimo, porque geralmente quem entra nessa coisa de fazer o boi, a burrinha são pessoas simples que entregam a alma para esse trabalho. É preciso que as prefeituras colaborem para que isso não acabe. Apesar das dificuldades nosso governo municipal tem colaborado para estarmos valorizando-os. É preciso também que os órgãos públicos dêem espaço para essa gente.


ComArt: Qual sua opinião sobre a política de território imposta pelo governo do estado em relação a cultura no recôncavo baiano?
Rodrigo: Eu acho que é legal, mas vamos ver se o recôncavo se une mais para que a gente cresça. Precisamos que todo mundo se una, que todo o recôncavo procure ser um só.


ComArt: Tem alguma ação que deseja implementar como primordial na secretaria?
Rodrigo: A primeira coisa que pensei quando aceitei fazer parte da secretaria foi realizar o memorial de Zilda Pain, que é uma historiadora santamarense que vai fazer 90 anos. Ela tem um acervo fantástico. Tudo o que já aconteceu nessa cidade ela sabe, uma série de curiosidades e objetos.


ComArt: O que ainda falta, na sua opinião, para a melhoria da valorização cultural?
Rodrigo: Falta mais incentivo, porque é preciso que se tenha verba. Todo esse pessoal que trabalha com os aspectos culturais são muito pobres. Porém, boa vontade não falta. É preciso que as três esferas do governo nos dêem dinheiro. As pessoas também necessitam buscar sua identidade.Santo Amaro tem que deixar de ser só a casa de Dona Cano. A casa dela virou ponto turístico. Nós temos um acervo como o museu dos Humildes que ninguém conhece, nossa Igreja da Purificação que é linda, o Bembé. Isso ficou esquecido, mas nós estamos tentando recuperar.

ComArt: Conseguindo os incentivos, como fará para envolver a população?
Rodrigo: Primeiro colocando na rua, mostrando a população que existe o bumba-meu-boi, o maculelê, o samba-de-roda, a burrinha, o nego fugido. Adoro minha cidade e sou louco pela cultura popular, precisamos colocar isso na rua para as pessoas verem que existe.


ComArt: O senhor acha que está enfrentando dificuldades na cultura?
Rodrigo: Sim, mas não acho que o governo não se importa muito. Estamos carentes em educação, saúde e a cultura fica sendo algo supérfluo. E nós precisamos resgatar isso, pois ela é importante.


LORENA MORAIS
MONALISA LEAL