terça-feira, 4 de agosto de 2009

CULTURA

O resgate à cultura popular

“Santo Amaro tem que deixar de ser só a casa de Dona Canô”

Extrovertido, carismático e bem humorado Rodrigo Antônio Viana Teles Veloso, de 74 anos, filho de uma das mais famosas personalidades de Santo Amaro e do Brasil – Dona Canô -, fundador do Teatro Vila Velha – na cidade de Salvador - e atual Secretário de Cultura santamarense recebeu a equipe do ComArt2 em uma entrevista informal e descontraída. Rodrigo já fez vários trabalhos artísticos como pintura, tecelagem, trabalhou como contabilizador na Coelba, desenvolveu trabalhos com crianças de rua e surdos-mudos, o que deu habilidade – como o próprio afirmou - para trabalhar com pessoas e este ano tem sua primeira experiência com o serviço público.


ComArt:
Quais as festas tradicionais e os atrativos da cidade de Santo Amaro?
Rodrigo Veloso: Temos a Festa da Purificação, que acontece de 24 de janeiro a 2 de fevereiro. É uma festa tradicional da padroeira da cidade, que tem sua parte profana e acontece a mais de 300 anos.Tem o bembé, a única festa de candomblé a céu aberto do mundo. É uma festa religiosa do candomblé. Este ano aconteceu no 13 de maio, comemorando a libertação dos escravos.São João esse ano foi uma maravilha! A nova secretaria de turismo “botou pra quebrar”.


ComArt: Que importância os grupos culturais têm para o desenvolvimento do município?
Rodrigo Veloso: É importantíssimo, porque geralmente quem entra nessa coisa de fazer o boi, a burrinha são pessoas simples que entregam a alma para esse trabalho. É preciso que as prefeituras colaborem para que isso não acabe. Apesar das dificuldades nosso governo municipal tem colaborado para estarmos valorizando-os. É preciso também que os órgãos públicos dêem espaço para essa gente.


ComArt: Qual sua opinião sobre a política de território imposta pelo governo do estado em relação a cultura no recôncavo baiano?
Rodrigo: Eu acho que é legal, mas vamos ver se o recôncavo se une mais para que a gente cresça. Precisamos que todo mundo se una, que todo o recôncavo procure ser um só.


ComArt: Tem alguma ação que deseja implementar como primordial na secretaria?
Rodrigo: A primeira coisa que pensei quando aceitei fazer parte da secretaria foi realizar o memorial de Zilda Pain, que é uma historiadora santamarense que vai fazer 90 anos. Ela tem um acervo fantástico. Tudo o que já aconteceu nessa cidade ela sabe, uma série de curiosidades e objetos.


ComArt: O que ainda falta, na sua opinião, para a melhoria da valorização cultural?
Rodrigo: Falta mais incentivo, porque é preciso que se tenha verba. Todo esse pessoal que trabalha com os aspectos culturais são muito pobres. Porém, boa vontade não falta. É preciso que as três esferas do governo nos dêem dinheiro. As pessoas também necessitam buscar sua identidade.Santo Amaro tem que deixar de ser só a casa de Dona Cano. A casa dela virou ponto turístico. Nós temos um acervo como o museu dos Humildes que ninguém conhece, nossa Igreja da Purificação que é linda, o Bembé. Isso ficou esquecido, mas nós estamos tentando recuperar.

ComArt: Conseguindo os incentivos, como fará para envolver a população?
Rodrigo: Primeiro colocando na rua, mostrando a população que existe o bumba-meu-boi, o maculelê, o samba-de-roda, a burrinha, o nego fugido. Adoro minha cidade e sou louco pela cultura popular, precisamos colocar isso na rua para as pessoas verem que existe.


ComArt: O senhor acha que está enfrentando dificuldades na cultura?
Rodrigo: Sim, mas não acho que o governo não se importa muito. Estamos carentes em educação, saúde e a cultura fica sendo algo supérfluo. E nós precisamos resgatar isso, pois ela é importante.


LORENA MORAIS
MONALISA LEAL

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