quinta-feira, 2 de julho de 2009

Espadas de Cruz

A tradição da queima de espadas em Cruz das Almas é secular, porém não existe ao certo uma convicção, apenas que os buscapés deram origem às espadas. São artefatos de fogos de artifício quando acesos, queima, giram, serpenteando pelo chão e soltando faíscas.
A forma artesanal dá origem às espadas. O fabrico consiste em muito trabalho. Diversos produtos são usados durante a fabricação, dentre os quais: enxofre, carvão, salitre (nitrato de potássio) e limalha que são misturados, depois pilados e peneirados dando origem à pólvora.


Preparo - A cera de abelha, o óleo de coco, a parafina e o breu são adicionados e vão ao fogo em altas temperaturas dando origem ao cerol, usado para encerar os barbantes que enrolam os bambus. Estes são cozidos, posteriormente separados por bitolas, serrados em variados pedaços e colados ao sol para secar, em seguida são enrolados, na maioria das vezes manualmente. O arremate do bambu consiste em unir a base de cinco a seis centímetros, depois no corpo da espada um espaçamento de uma para outra até o fim, porém com espaço de um centímetro, em seguida são serrados novamente em pedaços de mais ou menos vinte a vinte e cinco centímetros. A argila (barro) é pilada e peneirada, após pilado dentro do bambu (nas espadas), o barro compacta as duas camadas entre a pólvora que fica no meio das espadas. Usa-se para pilar o barro e a pólvora um ferro e um macete de madeira, as camadas recebem centenas de piladas.
Em seguida as espadas são perfuradas milimetricamente, ponto crucial, pois este escape ou orifício é o que dá pressão nas espadas para rabear, fator determinante, se vai explodir ou subir, estourar ou queimar normalmente.
Depois de furadas, as espadas recebem a escova, a boca de cor e são enfeitadas. Este ciclo dura em média sessenta dias.

Riscos
- Os riscos de acidentes começam justamente no manuseio da pólvora que, na maioria das vezes, são fabricadas em fundos de quintais sem as mínimas condições de segurança. Outro fator de perigo é a bitola, o tamanho e a largura do bambu, pois se muito grosso e grande com certeza irá causar danos.

As espadas não foram feitas pelos antigos fogueteiros para machucar ninguém, no entanto com o passar dos anos a coisa foi perdendo o controle e realmente ficando muito perigoso. Hoje existem pessoas que fabricam espadas muito violentas, mas as maiores parte dos espadeiros são conscientes e fazem as espadas para brincar e vender, pois o comércio das espadas movimenta economia de muitas famílias em Cruz das Almas. Mesmo as espadas mais fracas podem queimar, contudo as espadas mais fortes causam prejuízos materiais e a humanidade.




É prudente evitar associação entre as espadas e o álcool, pois se torna uma mistura perigosíssima, o São João de Cruz das Almas é composto de vários eventos, dentre eles podemos destacar o arraia do Parque Sumaúma e neste ano a novidade da Praça Multiuso. Além disso, existe uma cultura muito interessante, mas pouco divulgada, que é a maioria das casas abertas para receber os visitantes com iguarias, e, para quem gosta, muito licor, a queima de espadas se dá em ruas com tradição que deveriam ser divulgadas também pelo poder público e na Praça do Senador Temístocles a partir das 14:00h do dia 24 de junho, onde acontece a grande concentração de espadeiros.



WELINGTON ALVES DE ALMEIDA

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