sexta-feira, 3 de julho de 2009

Cordas no santo.

O vento tocando meu rosto, meu corpo fixo e minha mente não se desligava das vantagens de me deslocar cinco horas de viajem entre Cachoeira e Itaberaba, de ônibus, para saciar a saudades de minha mãe e meu inconformismo de um "porque" do São João que não aconteceu. Dentro do caro, de carona, já tinha as perguntas a serem feitas e as pessoas quais buscaria respostas.
O primeiro momento era como um garoto apaixonado, iludido com um ideal e queria provas concretas. Mas andar nas ruas de Itaberaba já não era como antes, o clima ameno do início da noite parece ter esfriado os munícipes, não tinha certeza se encontraria alguma ornamentação central ou ao menos das casas comerciais locais. Itaberaba estava fria e sozinha, cerca de 80 mil habitantes e duas ou três pessoas no antigo circuito junino. Em outro lugar muito visitado pelos jovens ,a "Praça J.J. Seabra", pouquíssimos grupos, o coração aperta e a mente alegrou. Onde não existem fogueiras nem músicas, há saia justa. Registrei a solidão da cidade.
Talvez chegar atrasado tenha aumentado à idéia de evasão local, e fiquei sabendo que sim, eu me enganara. Na secretaria de cultura do município cheguei não muito bem apresentável, entretanto o título de jornalismo e a universidade fizeram efeito. No momento da conversa com o gerente de patrimônio histórico e artístico, Agamenom Mendes, rapaz simpático, alto, moreno claro e distinto, tão sorridente quanto a logo apresentada diretora do gabinete, conhecida por Dora, uma mulher madura com voz de decidida, e vaidosa, me foi esclarecido que realmente não existia plano municipal da prefeitura para comemorar o São João, porém que alguns bairros tomaram a iniciativa e que não foi possível a recém secretaria fazer tal planejamento, pois "tomaram posse dos cargos quinze dias atrás", “... e eu, como munícipe não ouvia falar nada sobre desde o início do ano" diz Agamenom.

O nó
- A transição do gestor local daria voltas na mente de qualquer um. Na última eleição para prefeito eram candidatos João Almeida Mascarenhas Filho (DEM), de família influente na cidade, e Sólon Ribeiro (PV), veterano em pleitear o cargo. João Filho lançou a candidatura de vice e seu irmão, Jadiel Almeida Mascarenhas a prefeito, sobretudo os dois estavam na lista suja, daqueles que não poderiam ser candidatos por possuir processos correndo na justiça, assim o TRE, Tribunal Regional Eleitoral da Bahia impugnou as candidaturas. Só que a mesma lei que proibia essa candidatura, ADPF 144, foi "relida" cinco dias depois pelo STF, Supremo Tribunal Federal, e o mesmo se pronunciou contra a lei. João Almeida Mascarenhas Filho relançou sua candidatura, dessa vez a prefeito. O TRE mais uma vez indeferiu o pedido, o segundo mais votado, Sólon Ribeiro, assumiu o cargo. Aí entra o TSE, Tribunal Superior Eleitoral, diplomando o primeiro mais votado, João Filho, passando por cima da decisão do TRE. À época tudo isso me pareceu politicagem.
Na ultima sessão para reaver o "processo Itaberaba" o TSE deu parecer positivo a João Filho e Sólon foi deposto. Então tentei falar com o novíssimo ex-prefeito, Sólon Ribeiro (só para atualizar), e fui atendido na sua casa, mas o momento não foi propicio a um diálogos e nem na tarde do mesmo dia, segundo ele. A assessoria de imprensa da novíssima gestão concordou em falar comigo.

Voz oficial
- Luciana Oliveira é uma mulher centrada e bem solicita. Ela diz não ter certeza de algum projeto para o São João e que o prazo da nova gestão é muito curto, que isso seria estar fora de foco da organização administrativa que tem que ser feita no município e a UPB, união das prefeituras baianas, indicou a economia nos gastos, embora isso não tenha sido bula para outras cidades muito menores que Itaberaba. Não tem informações de como reverter o visível déficit orçamentário do comercio
.
Nesse bate papo ela me pareceu bem segura do que estava fazendo e pouco segura das informações locais, até que irrompeu a nossa conversa o secretário de finanças. Sendo solicitado a ajudá-la quando questionada se haveria algum festejo que desse um jeito no "quebra" do comercio. A resposta foi não. Enfim, segundo os dois o caos que atinge a administração e finanças itaberabense complicou o planejamento de qualquer festa, até a crise mundial foi citada.
Não sei se positivo ou negativo fui a minha terra natal curar males do amor e da vida, mas encontrei remédio apenas para o primeiro. A indignação fica sem um "porque", sem um paliativo, sem nada...


DIOGO SILVA DE OLIVEIRA

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